21 outubro 2006

Teste JN nas estradas do Porto

Hugo Silva , Margarida Fonseca, Sara Oliveira



Árvore, Vila do Conde, hora de ponta uma motorizada serpenteia a fila de trânsito e leva a bordo um casal feliz e de patente lusitana, ele a guiar, ela atrás e um petiz no meio.
Todos sem capacete! É só uma imagem do quotidiano rodoviário da EN13, ilustradora da fleuma de uma das vias terrestres mais importantes para a economia regional e nacional.
E que terá ainda mais méritos quando o Governo instalar portagens nas SCUT. Por mais ipês e icês que se faça, por mais modernas que sejam as aquisições do asfalto, a velha EN13 (Porto-Viana) tem intactas virtudes e defeitos congénitos.
É uma seiva de PIB e irriga de vitalidade as terras que atravessa. Mas é, também, uma artéria em esclerose galopante, muito frequentada pelo trânsito local ou por quem não tem alternativa para se dirigir às empresas instaladas nas bermas. Ainda assim, continua muito concorrida: autocarros suburbanos, camiões sem diligência, que fazem questão de rolar coladinhos uns aos outros, traços contínuos infindáveis e, frequentemente, desprezados pelo despacho nacional.
É um rude teste às mecânicas e à paciência dos aceleras.
A prova será ainda mais agreste quando houver portagens na A28, o que, desde já, faz prever desvio de muito trânsito para a velha EN13.
Por via rodoviária, é a alternativa mais à mão e de borla para as moles de trabalhadores chegarem ao Porto. E se, hoje em dia, quem a percorre entre o Porto e a Póvoa, na hora de ponta, leva quase hora e meia, imagine-se o que será quando a auto-estrada for taxada.A EN13 aguarda a enxurrada.


No separador da A28, junto à Exponor (Matosinhos), há o cadáver de um cão.
Adiante, uma folha de papel. O trânsito matinal em direcção ao Porto é tão lento que quase dá para ler o que lá está escrito.
A cara de poucos amigos da condutora do lado não engana o grande problema da A28, durante a manhã, é chegar ao Porto.
Pára, arranca, pára, arranca. Quem vai ao volante até se arrisca a ter cãibras. E o pior é que a situação não melhora ao chegar ao Porto: pára, arranca, pára, arranca... Mais: ao final da tarde, o calvário repete-se, para chegar ao nó de acesso da auto-estrada. Só depois de entrar na A28 as dores de cabeça abrandam.
Aí sim, o automóvel assume-se como verdadeiro meio de transporte eficaz e viagem é feita com rapidez. Nem a chuvada que desaba sobre os veículos causa muitos transtornos. A visibilidade diminui, mas o piso é bom, propício, até, a distracções no acelerador.
Não são raros os automobilistas a circular a mais de 120 quilómetros por hora. É preciso atenção aos mais nervosos, que preferem uma condução em ziguezague permanente.
Se não houver acidentes e o trânsito fluir com normalidade, o percurso entre os nós de entrada e de saída não demora mais do que 20 ou 30 minutos. E, repita-se, a maior parte do tempo é perdido no acesso à auto-estrada.
Uma vez no asfalto da A28 a ordem é para acelerar. Os menos prevenidos em termos de combustível têm uma estação de serviço em Vila do Conde. E há vários ramais de acesso a freguesias daquele concelho e de Matosinhos.


O camião, azul, andou dois quilómetros ombro a ombro com outro, amarelo, como se de um namoro se tratasse.
O episódio, registado anteontem na A29, pouco depois dos acessos a Santa Maria da Feira, não é único.
Quem circula naquela via, que começa em Gaia e termina, por ora, em Avanca, às portas de Estarreja, tem de ter cautelas, sobretudo se circula mais rente ao chão.
O JN viveu, anteontem, ao fim da tarde, e ontem de manhã, a experiência dos muitos que utilizam a estrada diariamente.
A conclusão foi só uma na A29, quem tem camião é rei e nem os sinais limitadores de trânsito (100 quilómetros por hora até à Feira e restante percurso a 120) desmotivam os condutores a evitar carga de trabalhos. Circular entre o Porto e Estarreja pela via que comeu, em Gaia, grande parte da EN109, é, apesar disso, rápido se descontarmos o pesadelo que são as entradas e as saídas pela ponte da Arrábida, nas horas de ponta.
Tomemos o Hospital de Santo António, no Porto, e o nó de Arcozelo, em Gaia, como referências: no mínimo são 27 minutos para percorrer, apenas, 15 quilómetros.
Tempo de mais se atendermos que os restantes 38 quilómetros são feitos em tempo igual. E quem vem, de manhã, de Estarreja para o Porto bem pode acrescentar uns largos minutos, devido aos semáforos da Via Panorâmica, após momentos de caos na Arrábida.
Apesar disso, e pegando na fábula da lebre (A29) e da tartaruga (EN109), que me perdoe o autor mas nesta história ganha a primeira, porque quem adormece é quem circula pela segunda.


18.40 horas. O conta-quilómetros está a zero e o início de marcha, no Hospital de Santo António, no Porto, promete luta, muita luta numa viagem de mais de 50 quilómetros até ao centro de Estarreja.
O início nem esteve mal, mas complicou-se no semáforo mais abaixo, na Praça da Galiza, e assim continuou até ao túnel de acesso à Ponte da Arrábida, onde só foram permitidas as primeira e segunda mudanças.
Para variar, anteontem, a Via Panorâmica não apresentava trânsito e entrámos no tabuleiro da ponte às 18.47.
Depois do pára-arranca no acesso à A29, a viagem continuou a 100 km/hora até ao nó de Arcozelo, onde saímos para apanhar a velhinha EN109. Começava o calvário! Limite de velocidade controlado a 50 km/hora, pois o percurso atravessa localidades como Granja, S. Félix da Marinha, Espinho, Silvalde - onde, por acaso, a passagem de nível não retardou a odisseia -, Esmoriz, Cortegaça, Maceda, Ovar, Válega, Avanca, onde o trajecto até ao centro de Estarreja passa a ser o mesmo daqueles que vieram do Norte pela A29.
A viagem de anteontem durou 1.30 horas, depois de 32 semáforos, rotundas, piso em mau estado, estradas sem guias, curvas perigosas, peões mais atrevidos e, felizmente, sem chuva. Na viagem de regresso à Invicta, ontem, às nove da manhã, a aventura repetiu-se, mas, desta vez, levou mais três minutos - pois coincidiu com o início de aulas em duas escolas de passagem - e acresceu 1,6 km, fruto da engenharia da estrada.
Para já, o trânsito não é relevante, pois a A29 é a preferida dos condutores.

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