24 outubro 2006

Administração dos Estaleiros de Viana restringe relações com trabalhadores

Ana Peixoto Fernandes
Jornal Público
[24.10.2006]


Comunicado coloca em causa tomadas de posição da comissão de trabalhadores

Um comunicado interno do Conselho de Administração (CA) dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) que promove uma espécie de "corte de relações" com a comissão de trabalhadores (CT) foi emitido ontem, na véspera da realização de um plenário geral em que está em causa uma tomada de posição em relação a um eventual cenário de crise da empresa.

O extenso documento, com várias páginas, critica, ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, algumas tomadas de posição públicas por parte da CT em relação ao alegado mau estado financeiro da empresa e ao modelo de gestão, e anuncia que a partir de agora as relações institucionais entre o CA e comissão representante dos trabalhadores se irá restringir ao que a lei prevê.

Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz da CT, Manuel Cadilha, remeteu para hoje, após o plenário agendado para as 15h00, uma eventual reacção ao comunicado, enquanto o CA dos ENVC encaminhou o PÚBLICO para o gabinete de relações públicas do Ministério da Defesa, que manifestou não ser sua prática prestar informações sobre assuntos do foro interno das empresas.

O documento ontem divulgado coloca em causa algumas "notícias" que terão vindo a público pela mão da CT e que serão consideradas "prejudiciais" para a empresa.

No plenário de hoje, os cerca de mil funcionários serão colocados a par da situação e convidados a aprovar uma moção de repúdio face à forma como estarão a ser geridos os destinos dos ENVC.

A recente saída de um quarto membro do CA, o economista José Bettencourt, depois de este ter assumido o cargo há pouco tempo, lançou a suspeita no seio dos trabalhadores de que a situação da empresa será de "instabilidade".

Recorde-se que em menos de dois anos abandonaram os seus cargos na administração dos ENVC o economista Meira Fernandes, pertencente ao sector financeiro, o engenheiro naval Carlos Pimpão e o ainda funcionário da empresa Sérgio da Fonseca.

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