19 outubro 2006

ENVC: Contestação sobe de tom, trabalhadores convocam reunião-geral e admitem paralisação

Paulo Julião
Rádio Geice
[18-Oct-2006]



Está ao rubro a contestação interna nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) à gestão da empresa, depois de mais um administrador ter abandonado, esta semana, o cargo.

Os 930 trabalhadores da empresa promovem, terça-feira, uma reunião geral admitindo a paralisação. Em Maio último, em ruptura com os restantes elementos, Carlos Pimpão abandonou o cargo de administrador (de um conselho de administração formado por três elementos).

A Empordef - holding do Estado que tutela a empresa - nomearia para o lugar José Moniz Bettencourt que, esta semana, abandonou as funções, desconhecendo-se o motivo.

O conselho de administração da empresa é constituído por mais dois elementos executivos, Fernando Geraldes (presidente desde 2004) e Adriano Menezes (representante da Empordef). “É o quarto gestor de saída, neste mandato histórico”, afirma a Comissão de Trabalhadores (CT) num documento interno a que a Geice teve acesso e em que justifica esta saída com “interesses de bastidores”.

Segundo fontes da empresa contactadas pela Geice, a “apreensão e preocupação” com o futuro dos ENVC é grande. “Mais grave é que, talvez por estarmos longe de Lisboa, ninguém do Governo se mostra preocupado com isto”, afirma-se na empresa.

“Dada a gravidade da matéria, é motivo para perguntar o que pretendem as entidades que nos tutelam, a Empordef e o ministério da Defesa, com esta dança de gestores”, lê-se na nota interna que apela á nomeação de um novo conselho de administração “com unidade, competência, isenção e capacidade de acção”.

Depois de uma reunião, recente, entre CT e os quadros superiores da empresa, para a próxima terça-feira, ás 15h00, foi já convocada uma Reunião-Geral de Trabalhadores.

“Não se sabe nada desta entrada e saída de administradores e é chegada a altura dos trabalhadores dar a sua opinião”, afirmou à Geice Manuel Cadilha, porta-voz da CT, garantindo que serão apresentadas aos 930 trabalhadores as medidas de luta a adoptar, que poderão passar pela paralisação.

“É uma das propostas, entre outras, em cima da mesa”, acrescentou. Segundo a CT “os prejuízos da Empresa não param de se agravar”, dai a necessidade de uma “nova gestão”.
Dados dos ENVC indicam que a empresa registava em 2005 um passivo de 129 milhões de euros com um resultado líquido negativo de 14,4 milhões (ainda assim uma melhoria recuperando de 27 milhões em 2004).

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