Cinco mil famílias do Alto Minho terão gás natural em 2012

Ana Peixoto Fernandes
Jornal Público
[17.10.2006]



Cerimónia assinalou ontem o arranque da distribuição pelo distrito, onde nos próximos seis anos serão investidos sete milhões de euros.

Viana do Castelo, concelho capital de distrito com o mesmo nome, começou ontem, simbolicamente, a ser abastecida com gás natural.

Foi o ponto de partida para que, de acordo com a empresa Portgás, pelo menos cinco mil famílias dos concelhos do Alto Minho possam ser fornecidas com o mesmo produto dentro de aproximadamente seis anos.

A chegada do gás natural ao último pólo que se encontrava a descoberto no Norte do país foi assinalada ontem com uma cerimónia que, apesar de debaixo de chuva intensa, coloriu com palhaços e ofertas de brindes (guarda-chuvas) o centro da cidade, onde também foi inaugurada a "Casa do gás natural" para explicar à população tudo sobre a utilização daquela energia.

Ontem também foi dia para estabelecer objectivos em termos da futura implantação da rede no distrito: "Atravessar-se-á o rio [Lima] até 2010 e o projecto cobrirá mais de cinco mil famílias [15 a 20 mil pessoas] até 2012, numa construção de rede de mais de 50 quilómetros, o que ultrapassará os sete milhões de euros de investimento", declarou o presidente da EDP, António Mexia, referindo que, depois de Viana, concelho onde actualmente estão ligados ao gás natural 166 clientes e há outros 500 à espera de ligação, se apostará na implementação da rede primária a nível do distrito.

Numa primeira fase, até ao final deste ano, a Portgás deverá investir 1,1 milhões de euros na rede distribuidora do município que ontem recebeu de forma simbólica, com o acender de uma chama às portas dos paços do concelho, a chegada do gás natural.

Na freguesia de Meadela foi instalada uma "unidade autónoma de gás", reservatório que permite armazenar gás natural e a partir daí abastecer zonas mais afastadas do gasoduto de transporte.

O concelho de Viana dispõe actualmente de 15 quilómetros de rede de distribuição, que abrange a referida freguesia urbana, assim como as de Santa Maria Maior e Monserrate.

Até 2009, a rede concelhia deverá expandir-se através da instalação de mais 45 quilómetros de condutas. A Portgás planeia implementar a rede primária de distribuição de gás natural distrital durante os próximos anos, prevendo a conclusão do processo "entre 2010 e 2012".

"O distrito de Viana do Castelo era o último grande pólo [do Norte do país] que ainda não tinha gás e mostra grande capacidade de absorção de um projecto a que queremos dar a máxima prioridade", disse António Mexia.

"Será a partir daqui que a EDP aproveita tudo aquilo que é garantido através da liberalização do gás natural a partir de Janeiro de 2007 e até 2010". Do total de 29 concelhos dos distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo que constituem a área de concessão da Portgás, actualmente 19 já estão abastecidos com gás natural, sendo de realçar que estes concelhos representam 90 por cento da população e dos consumos potenciais da área de concessão.

Até ao início de 2007, o gás natural chegará ainda aos concelhos de Fafe e Ponte de Lima.Mexia fez ontem questão de frisar que a chegada do gás natural a Viana do Castelo aconteceu "quatro anos antes do que estava previsto na concessão". "Para chegar aos sítios é preciso uma rede primária ou fazê-lo através das chamadas unidades autónomas de gás, que é, no fundo, o recurso ao transporte do gás natural por camiões até grandes reservatórios". Trata-se de uma opção a que a empresa recorre quando na área em causa tem clientes industriais relativamente grandes.