23 novembro 2006

Movimento contra novas portagens admite acções de rua

Primeiro de Janeiro
23.11.2006



Grupo critica estudo do Governo

“Demasiado inconsistente para ser levado a sério”. É assim que o movimento «Alto Minho contra novas portagens» classifica o estudo do Governo para justificar o pagamento da utilização das SCUT do Norte Litoral.

Os responsáveis pelo grupo admitem mobilizar as populações em acções de rua. O movimento cívico «Alto Minho contra novas portagens» criticou ontem o estudo do Governo para justificar o pagamento da utilização da SCUT do Norte Litoral, classificando-o de “demasiado inconsistente para ser levado a sério”.

Segundo o porta-voz do movimento, José Carlos Barbosa, o estudo está “claramente mal feito”, pelo que, se o Governo não recuar na decisão de portajar a ligação entre Viana do Castelo e Porto pela A-28, as populações serão mobilizadas para “mostrar na rua a sua revolta e descontentamento”.

Em conferência de imprensa, aquele movimento apresentou um documento com que pretende desmontar os argumentos do estudo em que o Governo se baseou para anunciar a introdução, a partir de 2007, de portagens na A-28.

“Esse estudo está claramente mal feito e é demasiado inconsistente para ser levado a sério”, considerou José Carlos Barbosa. No seu documento, o movimento contra as portagens defende que a EN-13 “nunca poderá constituir-se como alternativa” à A-28 uma vez que cerca de 75 por cento do seu percurso “tem um perfil urbano” com limitação de velocidade a 50 quilómetros horários.

Os restantes 25 por cento, em que a velocidade “presumida” é superior a 50 quilómetros, não são contínuos e estão dispersos por 10 troços.

500 constrangimentos

O movimento já procedeu à elaboração de um mapa da EN-13 entre Viana do Castelo e o Porto onde são apontados cerca de 500 constrangimentos à circulação rodoviária.

Naquele troço de cerca de 60 quilómetros foram identificados 69 cruzamentos, 229 entroncamentos, 16 rotundas, 155 passadeiras para peões, 24 intersecções com semáforos, 69 paragens de transportes públicos e sete grandes superfícies a “despejar” directamente para a EN-13.

“Uma viagem entre Viana e Porto pela EN-13 faz-se a uma média de 31,25 quilómetros por hora, ou seja, demora 155 minutos, enquanto pela A-28 apenas são necessários 35 minutos, ou seja, o tempo de percurso pela alternativa é superior ao da SCUT em 2,29, muito acima, portanto, dos 1,3 propostos”, argumentou Jorge Teixeira, outro dos elementos do movimento.

Os contestatários das portagens afirmam, por outro lado, que o seu estudo desmonta também os argumentos “PIB per capita” e o “Índice de poder de compra concelhio”, considerando que os dados estão “obsoletos” por se reportarem a 2003 e 2004, respectivamente, e que os critérios de apuramento daqueles valores são inconsistentes.

Afirmam que, face à “conjuntura particularmente difícil que o País vem atravessando nos últimos três anos”, há “uma elevada possibilidade de incorrecção” nos dados, pelo que defendem que se deverá esperar pela divulgação dos indicadores actualizados.

Além disso, e porque o limite sul da concessão da Euroscut Norte Litoral é Matosinhos, o movimento anti-portagens entende que o Porto não deveria ser contabilizado como “um concelho atravessado” pela SCUT.

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