09 maio 2007

Helena Roseta quer "contribuir para solução política" para Lisboa

Em carta entregue ao secretário-geral do partido
09.05.2007 - 18h17
Lusa


Helena Roseta demitiu-se hoje de militante do PS, numa carta dirigida ao secretário-geral socialista, José Sócrates, em que declara querer "contribuir para uma solução política" para a Câmara de Lisboa como independente.

"Como cidadã e como lisboeta, sinto-me no direito e no dever de contribuir com urgência para uma solução política que devolva à gestão da cidade a dignidade, a transparência e a seriedade que lhe têm faltado", refere a carta entregue hoje por Helena Roseta na sede do PS do Largo do Rato, a que a Lusa teve acesso.

"É isso que irei fazer, doravante na qualidade de independente. Assim, venho por este meio renunciar à minha filiação no Partido Socialista e pedir a minha imediata desvinculação de todos os direitos e deveres inerentes", acrescenta a ex-dirigente do PS.

Na carta, Helena Roseta recorda a José Sócrates que lhe enviou em Fevereiro "uma carta pessoal, alertando para a grave crise política e de confiança instalada na Câmara de Lisboa e para a necessidade de encontrar rapidamente um caminho sério, sustentável e participado para a capital do país".

"Disponibilizei-me então para disputar eleições, na base de uma alternativa aberta a todos os partidos da esquerda e a todos os cidadãos inconformados com o marasmo e a agonia da cidade", lembra a presidente da Ordem dos Arquitectos.

Helena Roseta, que lamenta que ao fim de "quase três meses" a sua carta não tenha tido resposta, afirma que, entretanto "a crise em Lisboa agravou-se" e acusa o PS de "a nível concelhio como a nível nacional" ter deixado "arrastar a situação sem propor nenhuma alternativa".

"Não estou disponível para pactuar com esta degradação. Não aceito o triunfo do tacticismo de todos os partidos - incluindo o PS - sobre os interesses da cidade. Nem que se tenha deixado nas mãos do PSD a chave de uma solução para a qual todos deviam estar a contribuir, porque todos têm responsabilidades", critica.

"Lisboa merece melhor. Seja qual for o caminho a seguir, ele terá de passar por ouvir os lisboetas e dar espaço à sua participação activa nas decisões sobre a sua cidade", conclui.

A 22 de Fevereiro, Helena Roseta publicou um artigo na revista “Visão” em que defendia eleições intercalares em Lisboa, apelava a uma solução para a capital "com urgência" e pedia que os partidos pusessem "os interesses da cidade acima dos seus cálculos partidários".

"Lisboa precisa com urgência de uma alternativa forte, que recupere a visão estratégica que Jorge Sampaio e a maioria de esquerda lançaram, de forma inovadora, nos anos 90" e de "um novo modelo de cidadania", que implica "uma nova Carta de Direitos Urbanos", propôs.

"É desta saída, aberta, generosa e livre, que Lisboa precisa: não da repetição de mais do mesmo, ainda que sob outras cores e com outros protagonistas", afirmava ainda, no artigo.

Nas últimas eleições presidenciais, Helena Roseta foi um dos militantes socialistas que apoiaram a candidatura independente de Manuel Alegre, em divergência com a direcção do PS, que apoiou a recandidatura a Belém de Mário Soares.

Em Novembro, no último congresso do PS, em Santarém, Roseta foi subscritora de uma moção de estratégia global alternativa à do secretário-geral.

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