Ana Peixoto Fernandes
Jornal Público
22.11.2006
Proposta de criação de uma comissão para avaliar impacto financeiro da operação foi chumbada.
Tudo como dantes.
A proposta de demolição do prédio Coutinho, cujo processo foi iniciado há mais de seis anos no âmbito do programa Polis de Viana do Castelo, obteve pela segunda vez o apoio da assembleia municipal local, que se reuniu anteontem à noite com o assunto como único ponto da ordem de trabalhos.
Um encontro em que o presidente da câmara, Defensor Moura revelou que a VianaPolis despendeu um total de 1, 7 milhões de euros em indemnizações relativas a processos de expropriação concluídos e 15 milhões de euros na construção de dois edifícios, em parte destinados ao realojamento dos moradores do prédio.
Numa sessão em que a oposição à câmara do PS quis ver criada uma comissão de avaliação do impacto financeiro da operação, agora que os tribunais decretaram a nulidade da Declaração de Utilidade Pública do imóvel, a maioria socialista conseguiu que a proposta fosse chumbada com 48 votos contra (PS, Bloco de Esquerda e presidentes de junta independentes), 21 a favor (PSD, CDS-PP e CDU) e duas abstenções.
E mais: fez passar uma moção de apoio à erradicação do edifício e de "censura veemente a todos os que por oportunismo político partidário têm criado dificuldades à concretização da vontade maioritária dos vianenses".
Sebastião Seixas, porta-voz do PSD, partido que diligenciou para que fosse convocada a sessão extraordinária de anteontem, justificou a necessidade de aferir os valores envolvidos na demolição do "prédio fálico" face aos atrasos que se estão a verificar, nomeadamente devido a decisões entretanto tomadas pelos tribunais e para que "os vianenses saibam como são administrados os dinheiros públicos municipais em nome da transparência".
"Incitamos a votar uma comissão para esse efeito, pois que daí não virá qualquer mal ao mundo e será um exemplo para a democracia em Portugal", apelou no início da sessão.
O apelo caiu em saco roto, mas o presidente da Câmara de Viana, Defensor Moura, acabaria, antes da votação, por prestar contas à assembleia sobre os cerca de 16,7 milhões de euros alegadamente gastos até hoje no âmbito do processo da demolição e por fazer o ponto de situação relativamente ao processo de expropriação do prédio.
Segundo Defensor Moura, 71 dos 107 habitantes do prédio já chegaram a acordo com a sociedade gestora do programa Polis de Viana (VianaPolis), sendo que 41 foram realojados nos apartamentos construídos no âmbito do processo expropriativo e 20 receberam indemnizações.
"Neste momento, faltam expropriar 46 interessados. Um deles é proprietário de 16 fracções, mas só contamos como um: partimos do princípio de que, tendo convencido essa pessoa, ela não nos vende só uma fracção", declarou o autarca, precisando que desse grupo fazem parte "43 proprietários e três arrendatários".
"Publicaremos os nomes, se quiserem" sublinhou, dirigindo-se às bancadas da oposição.
22 novembro 2006
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