22 janeiro 2007

Defensor Moura quer "autonomia" de Viana face a Braga e Minho

Ana Peixoto Fernandes
Jornal Público
[22.01.07]


Em causa está a eventual fusão de regiões de turismo do Alto e Verde Minho e a "perda" de Direcção de Finanças

O presidente da Câmara de Viana do Castelo, Defensor Moura, defendeu anteontem que o concelho, que é capital de distrito, deve lutar, no âmbito do processo de reorganização administrativa do país, pela sua "autonomia" em relação a Braga.

Na sessão comemorativa do 159º aniversário da elevação de Viana do Castelo a cidade, e aludindo a "dificuldades" que vão surgindo na região no contexto da reforma que se adivinha, Moura insurgiu-se contra o que "parece ser uma ameaça de poder administrativo" por parte de Braga e apelou à necessidade de se sensibilizar o poder central para o facto de a "descentralização" não poder ser sinónimo de "desertificação".

"Somos mal interpretados quando reafirmamos a nossa vontade autonómica em relação ao distrito de Braga e ao Minho, como uma província que nunca teve de facto poder administrativo e que muitas vezes é ressuscitada para interesses que não têm a ver com os de Viana do Castelo", declarou o autarca durante o discurso oficial de encerramento da cerimónia solene, em que foram lançadas três novas publicações sobre a história de Viana, uma das quais a Vianenses Ilustres, que reúne as biografias de personalidades ligadas à cidade homenageadas pela autarquia nos anos 2003 e 2004.

Esta obra acabou por dar o mote à declaração pública de Moura, pelo facto de nela ser feita referência, por um lado, a três autarcas que compõem a actual Comunidade Urbana Valimar - nascida de uma antiga organização administrativa de "sucesso", a associação de municípios Valima - e, por outro, ao padre José Fernandes de Carvalho Arieiro, um dos principais impulsionadores da "autonomia religiosa" de Viana através da criação da actual diocese, contra vontade das autoridades religiosas de Braga.

A propósito, Defensor Moura descreveu Arieiro como "um símbolo importante da independência de Viana do Castelo".

"É bom que se perceba esta autonomia que pretendemos, quer na área do turismo, quer noutras áreas, manter e preservar, principalmente quando há ameaças de algumas direcções de serviços distritais passarem para Braga, e é bom que os vianenses tenham consciência de que houve um trabalho secular, mais acentuado nas últimas dezenas de anos, que foi feito no sentido de autonomizar Viana do Castelo", declarou o presidente da câmara.

Autarca teme fuga de serviços e desertificação

Recorde-se que o município dirigido por Defensor Moura foi um dos que, juntamente com Arcos de Valdevez, se terão manifestado oficialmente contra uma eventual fusão das regiões de turismo do Alto Minho (RTAM), com sede em Viana, e do Verde Minho (RTVM), com sede em Braga.

Em causa está também a possibilidade de aquela capital de distrito "perder" a sua actual Direcção de Finanças para o município "inimigo".

"Se vão deixar cá só os porteiros, simbolicamente, se vão deixar a Repartição de Finanças e levam a Direcção, se vão concentrar as cadeias todas numa grande cadeia e deixamos de ter cá os serviços de apoio, etc., passamos a ter cá quadros menos qualificados, com vencimentos mais baixos, com menos poder de compra, diminuição da actividade económica e a progressiva desertificação", acusou o edil, clamando:

"É preciso ter essa consciência e que digamos todos isso ao Governo e à Assembleia da República quando se preparar para fazer a reorganização administrativa".

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